terça-feira, 25 de agosto de 2015

Unidade III - Blogs??????

Olá turm@, 

Em nosso próximo encontro trataremos do conteúdo sobre Blogs. Na oportunidade iremos visitar  e explorar alguns e já disponibilizo aqui o link do meu Blog para que você possa conhecer se familiarizar-se e quem sabe decidir a criar o seu. Mas antes vamos realizar uma boa leitura e refletir sobre esta tão inovadora e dinâmica ferramenta que pode tornar nossas aulas mais leves e prazerosas.
Os blogs são sistemas de publicação na web. A palavra tem sua origem da abreviação de weblogweb (teia, designa o ambiente de páginas de hipertexto na Internet) e log (diário) – diário na web.
Em uma primeira análise, pode causar certo estranhamento o fato de alguém desejar publicar seu diário na Internet, visto que esse tipo de produção costumava ser secreto para resguardar a vida particular. O que motivaria uma pessoa a compartilhar a intimidade abertamente a desconhecidos? E naInternet! Logo de saída para o mundo todo!
O depoimento de uma blogueira (como são conhecidos os usuários dos blogs) expresso no livro “Blog: Comunicação e escrita íntima na internet”, de Denise Schittine, nos ajuda a esclarecer as razões que justificam a popularidade dosblogs:
"Como definir o diário? (...) em primeiro lugar, um diário se escreve ao sabor de tempo, é muito diferente das autobiografias, memórias e outros parentes próximos do gênero. O diário é observado dia a dia, mais ou menos escrupulosamente, mas é sempre uma espécie de representação ao vivo da vida.
Ter um diário íntimo também é algo difícil. É uma atividade que exige uma certa disciplina, que ordena a vida (...).
Pessoalmente, o que me anima é uma personalidade que eu classificaria como “arquivista” e colecionadora. Ter um diário íntimo é uma maneira de colecionar os dias...
Colocar-se no papel cotidianamente é também uma nova maneira de se desnudar e de decifrar o próprio interior sem ter que pagar uma terapia (...)
Alguns releem seus diários e se surpreendem com o que escreveram. Outros não compreendem mais nada. (...) Um diário é uma encenação, uma representação de si. Nós somos a personagem principal de nosso diário. Nós temos, às vezes, a tendência a escrever as coisas não como elas são, mas como deveriam ser. Escreve-se para embelezar ou dramatizar a vida, para lhe dar um sabor novo. O diário é, muitas vezes, um dos últimos refúgios do sonho." (SCHITTINE, 2004, p. 15)
Esse depoimento apresenta motivações bastante abrangentes. Em primeiro lugar, é clara a função do registro em um blog como uma forma de memória externa, que auxilia o autor a refletir sobre sua própria vida e a repensá-la, para melhor compreender-se. Mas, e por que o desejo de publicação? A autora trabalha a hipótese da sensação de imortalidade. Historicamente, a escrita se estruturou como uma possibilidade de registro de informações para as novas gerações, ou seja, uma forma de deixar um legado, de não ser esquecido. Assim, ao publicar textos na Internet, qualquer pessoa pode vivenciar a experiência de fama e “imortalização”.
Mas, qual a relação desses aspectos com a educação? Antes de começar navegar e conhecer bons blogs, vamos tentar compreender as razões que estão levando diversos es a se apropriarem dessa ferramenta como mais um recurso pedagógico.
Iniciaremos então com o relato de uma a, Nize Maria Campos Pellanda, que usa os blogs em um projeto educativo com jovens do meio rural:
“Os jovens, então, vão escrevendo suas autonarrativas nos seus blogs. No início do projeto, essas narrativas eram muito pobres, porque reduzidas a clichês muito simples do tipo: meu nome é fulano de tal, moro na cidade tal, gosto de festas e de músicas. As reflexões sobre si estavam completamente ausentes. Além disso, as sentenças careciam de estrutura. Muitas vezes não havia pontuações e as frases emendavam uma na outra. Os erros ortográficos eram a regra. Com o desenvolvimento do projeto, eles vão se colocando mais nos textos e trazendo outros fatos do cotidiano sobre os quais vão tomando posição. Começam a emergir ideias sobre valores, sobre os próprios atos e opiniões sobre os outros. As frases vão ficando mais estruturadas e diminuem os erros ortográficos, pois eles, ao relerem seus textos, fazem algum tipo de estranhamento do tipo: será que é assim mesmo que se escreve tal palavra? Perguntam para os facilitadores que não respondem diretamente, mas sugerem que procurem dicionários online.” (PELLANDA, 2006, p. 82)
Esse depoimento lembra-nos de Paulo Freire quando ele nos dizia que só é alfabetizado aquele que é capaz de escrever a sua própria história: “Talvez seja este o sentido mais exato da alfabetização: aprender a escrever a sua vida como autor e como testemunha da história, isto é, biografar-se, existencializar-se, historicizar-se.” (FIORI in FREIRE; GUIMARÃES, 1987, p. 10).
Por que essa ênfase na escrita? Porque a compreensão e o domínio de uma linguagem não se adquirem apenas com as atividades de leitura, são necessárias também as de autoria. O nível de consciência que se atinge quando se está realizando uma atividade criativa é muito maior do que quando estamos apenas numa atitude receptiva. Essa consciência é um dos componentes mais importantes do desenvolvimento do processo cognitivo: a metacognição. Realizando atividades simples não chegamos a nos dar conta dos nossos próprios processos de pensamento, só tarefas mais complexas exigem que reflitamos a respeito de como as estamos realizando.


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